Na última semana, após uma denúncia, cerca de 200 pessoas foram resgatadas em situação análoga à escravidão na colheita da uva em Bento Gonçalves, cidade do Rio Grande do Sul.
Jornadas extenuantes de mais de 15 horas, alojamento precário e emprego de violência estavam entre os expedientes utilizados pela Fênix Serviços Administrativos, empresa que prestava serviços para três das mais conhecidas vinícolas do país: Salton, Aurora e Garibaldi.
Trazidos da Bahia, os trabalhadores precisavam comprar alimentos a preços abusivos em lojas controladas pelos empregadores, e acabavam sempre endividados, o que os mantinham presos à condição.
As vinícolas alegam que não sabiam da situação, usando uma justificativa comum e cada vez mais batida: tratava-se de uma companhia terceirizada.
Se responsabilizar pelo que acontece na cadeia de fornecimento é um imperativo cada vez maior para empresas, especialmente as de maior porte, que movimentam e se beneficiam de uma série de atores ao longo de seu processo de produção. Salton, Aurora e Garibaldi faturam juntas cerca de R$ 2 bilhões ao ano.
O Movimento da Advocacia Trabalhista Independente – MATI repudia veementemente essa situação e reafirma a necessidade da punição severa dos responsáveis por um ato tão nefasto – tanto das empresas terceirizadas, quanto das vinícolas que lucram com o trabalho escravo. Ainda, deve-se ter um aumento da fiscalização para que estes casos não se repitam.
É inadmissível que em 2023 casos como esse ainda existam em nosso país. Desejamos toda a solidariedade aos trabalhadores nordestinos e às suas famílias.