Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher que se celebra hoje, 8 de março, teve sua origem nas lutas feministas por melhores condições de trabalho e pelo direito ao voto, entre os séculos XIX e XX. Em sua gênese, esse dia vem para provocar reflexões sobre a luta das mulheres para alcançar a igualdade material numa sociedade que sempre a oprimiu.
A origem desse dia está intrinsecamente ligada à luta das trabalhadoras, sendo reconhecido pela ONU, na década de setenta, como um dia destinado a lembrar ao mundo as importantes conquistas sociais, políticas e econômicas da época.
Passados mais de 40 anos de sua criação, é necessário que hoje analisemos o quanto evoluímos na compreensão da importância da mulher na sociedade.
Sendo hoje uma considerável força no mercado de trabalho, para as mulheres estão designados os empregos com menor remuneração e os postos de trabalho mais precários como trabalho por tempo parcial, temporário e teletrabalho, além de ocuparem majoritariamente as vagas no âmbito da limpeza e cuidados domésticos.

Em contrapartida, ainda que alguns cargos de comando já sejam destinados às mulheres, tais vagas continuam sendo ocupadas majoritariamente por homens. Em épocas de crise, as mulheres são mais suscetíveis ao desemprego e à informalidade, muito embora a realidade brasileira indique uma crescente de famílias chefiadas por elas.
Além da desigualdade no mercado de trabalho, às mulheres trabalhadoras cabem lidar com o assédio, a obrigação de se enquadrar a padrões estéticos, a pressão social pela maternidade em contrapartida à crescente negação do mercado de trabalho. As funções de cuidar de filhos e parentes e de todos os cuidados domésticos, ainda são destinadas principalmente às mulheres. Tais atribuições seguem invisíveis aos olhos da sociedade, não sendo reconhecidas como trabalho, sobrecarregando as mulheres e agravando ainda mais as desigualdades enfrentadas no mercado de trabalho. Além destas, poderiam ser enumeradas outras tantas dores que o mundo dos homens se recusa a compreender.

A alteração na legislação trabalhista em vigor e as propostas de reforma previdenciária apresentadas visam dificultar e oprimir ainda mais a mulher trabalhadora, nos remetendo às lutas operárias que deram início a esta data carregada de poder simbólico.
Hoje não é dia para flores e presentes. É dia para se refletir sobre o papel da mulher em nossa sociedade, na dolorosa e silenciosa luta diária travadas por elas e nas grandes revoluções sociais provocadas por mulheres que permitiram que estivéssemos aqui. 8 de março é uma data feminista.
O MATI reconhece a luta dessas mulheres e presta a elas sua homenagem e apoio contra as árduas lutas que ainda precisam travar e o respeito pela memória das lutas já travadas. Às mulheres, hoje e sempre, RESPEITO.

Juliana Barreto

Conselheira de Ética do Movimento da Advocacia Trabalhista Independente – MATI