NOTA DE REPÚDIO AO MASSACRE NO JACAREZINHO

O Movimento da Advocacia Trabalhista Independente – MATI, externa seu extremo repúdio à ilegal operação policial que resultou no assassinato de 25 (vinte e cinco) pessoas, entre elas, um policial civil. Desde o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), operações policiais não urgentes em comunidades devem ser suspensas, ou previamente comunicadas ao Ministério Público, com vistas a preservar a vida de moradores durante a maior crise sanitária da história.

Nem mesmo uma determinação judicial impediu que a Polícia Civil, cuja natureza é de entidade fiscalizadora do cumprimento das leis, e de levar à justiça quem não segue as normas, a pretexto de investigar o aliciamento de crianças e adolescentes para ações criminosas, invadisse a comunidade e desse início à execução de 24 (vinte e quatro) pessoas.

Isto não é operação para investigar, para prender suspeitos e proteger crianças do alegado aliciamento. Não. Isso é chacina!

Nos últimos cinco anos o Rio de janeiro foi palco de 274 chacinas, que vitimaram cerca de mil pessoas. Dessas, 75% foram resultado de ações e operações policiais[1]. É o Estado se firmando como exterminador da população preta e pobre, e que não encontra reprimenda das autoridades e nem de uma parcela da população.

Em qual condomínio da Zona Sul do Rio de Janeiro a polícia fez operação para prender o traficante que lá residia? Quantos morreram nesta operação? Quantos morreram na operação que apreendeu um verdadeiro arsenal na casa do amigo do vizinho do Presidente?

As imagens divulgadas por moradores revelam que pessoas rendidas foram executadas. Outros mortos com tiros nas costas, e um executado na cama da sua filha de 8 anos. Ironicamente, a operação era para proteger crianças.

O MATI se solidariza com a dor das famílias das vítimas e exige que os responsáveis sejam devidamente punidos. Exigimos justiça para o Jacarezinho!

Deixem a periferia viver!

[1] Dados Instituto Fogo Cruzado