Setembro é o mês mundial de combate ao suicídio e, por isso, é conhecido internacionalmente como Setembro Amarelo. A campanha tem o objetivo de conscientizar a população sobre esta grave questão de saúde pública e abordar formas de evitá-la. O Movimento da Advocacia Trabalhista Independente se coloca em apoio e solidariedade à campanha do Setembro Amarelo e pela valorização da vida.
A psicóloga Jordana Luz Nahsan (CRP 18/688), em parceria honrosa ao MATI, escreveu um texto que traz reflexões muito importantes sobre o tema. Confira o texto completo abaixo.
SETEMBRO AMARELO – VAMOS CONVERSAR?
Texto: Jordana Luz Nahsan
Suicídio não é um evento que ocorre num vácuo, é a consequência final de todo um processo, sendo multifatorial e multifacetado.
Muitos dos fatores que podem colocar a pessoa em situação de risco para o suicídio estão atrelados às relações interpessoais, às doenças físicas incapacitantes e fatores sociodemográficos, tais como o desemprego, a aposentadoria, a depressão e a intolerância diante das divergências de opinião, sexuais e religiosas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o oitavo país com maior número de suicídios no mundo, isto em 2014, já em 2019 foram registrados 13.467 casos.
O suicídio em nossa sociedade é visto, de forma errônea, como o resultado de um processo de decisão simplista onde se consideram os aspectos favoráveis e desfavoráveis em permanecer vivo. Sendo considerado um problema de saúde pública, o suicídio demanda a atenção de toda a sociedade, pois cada ato de suicídio afeta ao menos outras 60 pessoas intimamente.
Anteposto ao suicídio, outras ações podem se apresentar, tais como o comportamento de autolesão, tentativas anteriores, oscilações de humor desproporcionais aos fatos, a ocorrência de atitudes impulsivas, a verbalização de frases como “Estou cansado de tudo – das pessoas – da vida”, “Ando pensando besteira” ou“Eu sou um peso para os outros”, podem ser pontos de atenção importantes.
Um grande mito existente é achar que as pessoas que falam sobre o suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas chamar a atenção. Ao contrário do que se pensa, quando um indivíduo falar de ideação, de intenção ou de um plano suicida, deve ser levado a sério, pois falar sobre suicídio é o primeiro passo para preveni-lo. Conversar sobre esses pensamentos abre espaço para novas considerações frente ao sofrimento existente, possibilita o compartilhamento dessa dor sentida com tanta intensidade.
Estima-se que acontecem em torno de 800 mil mortes por ano por suicídio ao redor do mundo, com uma ocorrência a cada 40 segundos. Em 2019 morreram 10.203 homens no Brasil, em decorrência do suicídio.
Os estudos epidemiológicos podem ajudar a compreender como esse fenômeno se expressa, seja alguns deles:
- Idade: entre 14 e 29 anos
- Homens: Jovens e Acima de 70 anos
- Pessoas que trabalham na indústria de fumo (manipulação do Manganês)
- Grupo sociais de risco
- Falta de perspectiva de futuro
- Relacionamentos onde o Bullying enteja presente
Na comparação entre raça/cor, a maior incidência de suicídio foi na população indígena. A taxa de mortalidade entre os indígenas é quase três vezes maior (15,2) do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7).
As taxas de suicídio também são elevadas em grupos mais vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes, indígenas, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI), e pessoas privadas de liberdade.
Falar sobre suicídio ajuda a desmistificar o tema, deixando assim de ser um tabu, contribui na identificação de sinais de sofrimento emocional significativos, possibilitando o diagnóstico precoce do processo de ideação suicida e na busca por tratamentos especializados para o acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
Jordana Luz Nahsan
Psicóloga – CRP 18/688
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Telefone: (65) 99283-5551
E-mail: clin.jordana@gmail.com